O Filho Pródigo – André Luiz Gadelha

O FILHO PRÓDIGO

– Vamos, filho. Acharam o seu irmão!

Com essa frase, cheia de alegria e esperança, Hamilton chama o seu filho mais velho, Luiz Eduardo, para partirem para a capital do estado, em busca de Tiago, o filho mais novo, desaparecido há 2 anos.

Tiago, aos 17 anos, foi estudar Administração numa faculdade na capital. Em virtude da distância, tal como aconteceu com Luiz Eduardo, Tiago foi morar sozinho num apartamento próximo à instituição de ensino. Aluguel, alimentação, livros e todos os demais gastos que Tiago tinha, eram supridos pelo dinheiro que o pai, Hamilton, depositava todos os meses na conta do filho.

Porém, com 1 ano de curso, Tiago desaparece.

O pai, sempre acompanhado do filho mais velho, põe-se a procurar pelo filho mais novo. Nos primeiros meses, quase que diariamente, sempre com o coração angustiado, acompanha os trabalhos das autoridades policiais. Tempos depois, atendendo aos regulamentos que regem o trabalho da polícia, Tiago é dado como morto.

Mas, Hamilton nunca deixou de procura-lo, conciliando a sua busca com a administração da fazenda de gado leiteiro e de corte que, com muito suor honesto, construiu. Ao seu lado, sempre estava Luiz Eduardo.

Até que num dia, um dos empregados da fazenda, em viagem de entrega na mesma capital onde Tiago estudava, encontra-o sujo, maltrapilho e vitimado pelo uso de crack. Estava desmaiado aos pés de um muro próximo ao local onde o citado empregado iria fazer as entregas.

Reconhecendo o filho do patrão, o empregado não teve dúvidas: chamou uma ambulância e tratou de socorrer o jovem moribundo.

Uma vez no hospital, após certificar-se do atendimento ao rapaz, o empregado telefona ao patrão e dá a notícia.

Chegando ao hospital, que era da rede pública, Hamilton tratou da transferência do filho para estabelecimento particular, com melhores recursos, conseguindo salvar a sua vida.

Agora, mais calmo e com o coração cheio de alegria, Hamilton percebe tristeza no olhar de Luiz Eduardo. Hamilton, pai devotado que era, sempre disposto ao auxílio dos herdeiros, pergunta ao filho mais velho o que estava havendo. Afinal, o seu irmão havia sido encontrado, após dois longos anos.

Luiz, então, explica:

– Perdoe-me, pai, pelo que vou dizer. Tudo bem que o senhor não deixe o Tiago à própria sorte. Inclusive estou contente de tê-lo encontrado. Mas, a sua alegria me entristece, pois sempre fui seguidor dos seus conselhos e lições, nunca te dei aborrecimentos e honrei o seu esforço para criar-me. Sempre te dei tranquilidade e jamais deixei de estar ao seu lado, dividindo as tarefas da fazenda e trabalhando para fazê-la crescer ainda mais. Como bem sabes, fiz Zootecnia por coração e por carinho ao que o senhor construiu e que tanto serviu e serve ao nosso sustento. Porém, nunca testemunhei tamanho gesto de alegria para comigo. Ao contrário, sempre tivesses maior predileção ao Tiago.

Hamilton, longe de ficar chateado com as alegações do primogênito, senta-se ao lado dele e, segurando as suas mãos lhe diz:

– Filho querido. Não digas isso. Sempre quis a bem estar de vocês dois. Se fosse possível, colocava-os em redomas de vidro a prova dos males do mundo. Você sempre foi o filho que me deu tranquilidade, como você mesmo disse. Em relação a ti, sempre tive a certeza de que poderia desencarnar com tranquilidade, pois você sempre soube caminhar nas trilhas da retidão moral e da responsabilidade. Mas, o seu irmão, não. Sempre tive medo dos caminhos que Tiago escolheria. Não que ele seja uma má pessoa, mas, sim, pelo fato dele possuir fraquezas que você não tem. Reconheço que esse dois anos não foram mais pesados graças a sua presença. Mas, como pai, quero o bem de ambos. Não há predileção alguma. Há, sim, maior preocupação por aquele que sempre soube que tropeçaria nos caminhos do mundo. Tenha certeza meu filho: te amo tanto quanto ao Tiago.

Agora, entendendo as razões do pai, Luiz Eduardo o abraça e pede desculpas pelo mal juízo feito.

Que Jesus continue nos abençoando.

Rio de Janeiro, 05 de Abril de 2018

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Verdadeira Caridade – André Luiz Gadelha

VERDADEIRA CARIDADE

Não é raro testemunharmos demonstrações de bondade argumentadas no temor a Deus. São irmãos que vivem com moral exemplar sob o medo do castigo divino.

Outros tantos vivem, igualmente, na procura da realização do bem, mas tão somente pelo fato de que ficaria feliz se o bem fosse feito a ele ou se o mal não lhe seja aplicado. São irmãos que fazem o certo na espera que lhe façam o certo também ou evitam o mal na expectativa de que o mal não lhes seja feito.

É claro que injusto seria não admitir que tais irmãos já assumem um certo progresso, pois já são capazes de executar a Lei de Amor e Caridade sem intenções escusas ou daninhas. Mas, não se pode admitir que o bem esteja sendo feito com sinceridade de coração.

O verdadeiro homem de bem pratica o bem pelo bem. Faz o certo por ser o certo. Para esses irmãos, a prática do amor é tão natural quanto respirar.

Quando se faz o bem para evitar castigos do céu ou por que gostaríamos que fizessem o mesmo por nós, a naturalidade e a sinceridade já se encontram comprometidas. O que move pelo bem não é o coração, mas, sim, a espera de algo em troca, ainda que esse algo, num primeiro olhar, pareça ser sublime.

Entendemos, também, que a humanidade se encontra num estágio evolutivo onde poucos são os que fazem o bem com verdadeira pureza de coração. Muitos de nós ainda precisamos crer num Deus intolerante para que se inicie na prática do bem. Outros, um pouco mais evoluídos, ainda possuem a necessidade de terem o seu bem estar como referência para garantir e guardar o bem estar do próximo.

Em ambos os casos, são irmãos que ainda têm a necessidade de praticar o bem por obrigação, mas, já estão no caminho certo para, no futuro, praticar o bem com a naturalidade que deve existir.

Que Jesus continue nos abençoando.

Pulso Firme – Vivian Chagas Faria

PULSO FIRME

Existem muitos casos em que filhos, por falta de pulso firme dos pais, enveredam por caminhos tortuosos.

Não é porque o pai ou a mãe precisam ser zelosos e amarem muito os seus filhos é devem “passar a mão na cabeça”.

Os pais devem repreender o filho se a situação assim o exigir. Repreender no sentido de orientar, mostrar o caminho correto e que a atitude do filho está errada e pode ter graves consequências.

Não é porque o coração de mãe é imenso que ela vai permitir tudo o que o filho quiser fazer.

Amar também é repreender, até dizer palavras duras. Amar não é permitir tudo. Existem limites para as atitudes. Assim, os pais podem e devem alertar e, se preciso for, serem enérgicos para com os seus filhos.

Pais, não acobertem os erros dos seus filhos! Imponham limites a eles. Ou, vocês poderão ser arrepender terrivelmente.

Que Jesus continue nos abençoando.

Aborto e o Papel da Mãe – André Luiz Gadelha

ABORTO E O PAPEL DA MÃE

Hoje, vivemos uma ampla discussão acerca do aborto, onde um dos pontos de debate é o direito da mãe em decidir por fazer o aborto. Porém, ninguém discute a respeito do direito que a mãe possui em escolher não fazer o aborto.

Geralmente, a gestante sofre pressões por parte da família, do companheiro e dos amigos. Ouvem coisas do tipo “você é louca de ter um filho acéfalo”, “não temos condições de ter outro filho”, “você vai morrer, sua maluca”, etc.

Como se não bastasse, ainda há a questão profissional, onde muitas empresas passam a negar ascensão de carreira das mães, quando não as demite após o intervalo de tempo estabelecido por lei.

A legislação brasileira afirma que a prática do aborto é crime, excetuando os casos de gestação que ponha a vida ou a saúde da mãe em risco, consequente de estupro e que gere fetos com anencefalia, punindo quem o pratica, quem o incentiva (com ou sem pressões) e a mãe, caso consente e tenha condições para isso.

A legislação também prevê, nos casos em que o aborto seja permitido, que a mãe precisa concordar com o aborto, tanto que exige que ela ou algum representante ou procurador legal obtenha a permissão jurídica para isso. Assim sendo, a lei abre espaço para que o aborto não seja realizado se assim for o desejo da gestante, cabendo punição a quem coagí-la ao contrário.

Não é difícil encontrarmos mulheres dispostas a muitos sacrifícios em nome dos seus filhos, inclusive o da própria vida. Nesse cenário, não é surpresa conhecermos casos em que a gestante negue o aborto, preferindo levar a gravidez a termo, ainda que isso implique no seu desencarne, preservando a vida do filho.

Essa disposição ao sacrifício apresentado por diversas mães, se comprova na pergunta 890 de O Livro dos Espíritos (Capítulo XI – Da Lei de Justiça, Amor e Caridade – Item Amor Materno e Filial):

“Será uma virtude o amor materno ou um sentimento instintivo comum aos homens e aos animais?

Resposta: “Uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessários se tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além-túmulo. Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor do animal.”

Um ponto que se constitui mesmo num desafio a uma mulher, é abraçar com o mesmo carinho e abnegação a gestação consequente de um estupro. Porém, Jesus nos orienta, segundo o nosso irmão Mateus (5: 38 a 42):

“Aprendestes que foi dito: olho por olho e dente por dente. – Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer; que se alguém vos bater na face direita, lhe apresenteis também a outra; – e que se alguém quiser pleitear contra vós, para vos tomar a túnica, também lhe entregueis o manto; – e que se alguém vos obrigar a caminhar mil passos com ele, caminheis mais dois mil. – Dai àquele que vos pedir e não repilais aquele que vos queira tomar emprestado”.

Logo, acolher com carinho o fruto de uma violência é responder o mal com o bem, agindo de acordo com a Lei do Amor e Caridade.

Sobre a gestação que leva risco a existência materna, O Livro dos Espíritos, na sua pergunta 359 (Capítulo VII – Da Volta do Espírito à Vida Corporal – Ítem União da Alma e do Corpo), traz:

“Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?”

Resposta: “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.”

Num primeiro momento, a mãe que nega o aborto, ainda que diante do risco de vida, segue na contra mão da recomendação dos espíritos superiores. Mas, atentando-se um pouco mais, verificamos que o vocábulo “preferível” leva ao entendimento de que a opção de negar o aborto em tal situação não constitui agressão a qualquer lei divina ou natural, não cabendo, daí, qualquer processo de endividamento moral.

É análogo ao que, a certo tempo atrás, vinha nas contas que chegavam nas nossas casas: “até a data de vencimento, pagável, preferencialmente, no banco X”. Significava que, até a data de vencimento, a conta poderia ser paga em qualquer outro banco que não fosse o X, não havendo, por essa decisão, nenhuma sanção ou multa.

Tal gesto poderia, ainda, ser visto como um ato suicida, uma vez que a gestante teria consciência de que poderia ter a sua existência abreviada. Porém, como são as intenções o que pesam nos nossos atos e sabendo que o desejo da mãe é o de garantir a vida do filho, não temos suicídio.

Consultando o livro O Céu e o Inferno, no seu Capítulo V (Suicidas), no caso O Pai e o Conscrito, temos a situação de um pai que sacrificou a própria vida para livrar o filho da convocação para a guerra. A respeito disso, o nosso irmão Luis explica:

“Este espírito (o pai) sofre justamente, pois lhe faltou a confiança em Deus, falta que é sempre punível. A punição seria maior e mais duradoura, se não houvera como atenuante o motivo louvável de evitar que o filho se expusesse à morte na guerra. Deus, que é justo e vê o fundo dos corações, não o pune senão de acordo com suas obras”.

Se o gesto desse pai não é classificado como suicídio, por semelhança, o gesto de uma mãe que nega o aborto, dando continuidade à gestação e, por consequência disso, vem a falecer, também não o é.

Além disso, uma mãe que opta por não abortar, mesmo ciente da possibilidade do seu desencarne, aposta na sobrevivência de ambos. Afinal, uma gravidez de risco não implica na morte certa da mãe, mas, sim, de chances disso acontecer. Desta forma, quem garante que ambos não sobrevivam? Trata-se de uma mulher que, muitas das vezes, deposita na fé a sua esperança na dupla sobrevivência e, havendo o entendimento das necessidades que nós mesmos provocamos com as nossas decisões infelizes no pretérito, percebe que, uma eventual não sobrevivência constitui em lição que havia a necessidade de aprender.

REFERÊNCIAS:

→ Artigo 128 do Código Penal Brasileiro – Decreto Lei 2848/40

→ Leonardo da Costa Gobira – Obstetra e Ginecologista do Exército Brasileiro – Manaus – AM

→ Deise Calixto – Advogada – São Pedro da Aldeia – RJ

→ O Livro dos Espíritos – Allan Kardec

→ O Céu e o Inferno – Allan Kardec

→ O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec

Dura Licao – André Luiz Gadelha

DURA LIÇÃO

É mais uma noite de aula na faculdade de administração onde encontramos um esforçado jovem que atende pelo nome de Luiz Carlos. Lutando contra o cansaço e contrariando os olhos que teimavam em fechar, Luiz prestava atenção às lições do docente e tomava notas importantes a respeito da teoria que era ensinada.

Depois da aula, corria para apanhar o último trem que o deixaria na estação final, onde, ainda apanharia um ônibus para, em cerca de 30 minutos, chegar à sua residência, totalizando quase 1 hora e meia de trajeto.

Chegando em casa, arrumava as coisas para o dia seguinte, quando se levantaria junto com o sol para ir trabalhar no centro da cidade vizinha a sua. Depois do expediente, seguia direto para a faculdade.

Trabalhava de segunda a sexta e, ainda, fazia horas extras aos sábados e alguns domingos para ter a quantia necessária para bancar a faculdade e auxiliar os pais em casa, Dona Miriam, faxineira, e seu Antônio, gari da cidade onde residia.

O trabalho continha tantas demandas que a única brecha que tinha para estudar ou ler algum artigo era no almoço, quando livro e prato dividiam espaço na mesma mesa.

No domingo, enquanto tantos aproveitavam o lazer, ele aproveitava para se dedicar aos estudos.

Existência dura tinha o nosso irmão Luiz Carlos, mas, nem sempre foi assim.

Esse nosso irmão, em existência pretérita, quando atendia pelo nome de Rogério, teve a benesse de habitar rica casa, sustentada por família com ótimo conforto financeiro.

Teve a oportunidade de estudar nas melhores escolas, mas, já na adolescência, apresentou predileção à vida sem responsabilidades, tornando-se um adulto dedicado à vida fácil, motivada pela ausência de cobrança dos pais.

Viveu sem ofício algum, pois, afinal, para que ofício se a fortuna da família era farta?

Isso se seguiu até o dia do seu trágico desencarne em acidente automobilístico, quando conduzia, de forma inconsequente, um dos caríssimos e possantes carros dados pelo seu pai.

Durante o tempo do outro lado da vida, percebeu o quanto jogou fora por conta da dedicação ao ócio.

Para aprender as lições necessárias, Rogério compromete-se, como Luiz Carlos, a conduzir a sua vida de forma totalmente contrária à tomada no passado, porém sem contar com as facilidades de outrora.

Que Jesus continue nos abençoando

Mãe

MÃE

Procurei ansiosamente
Um símbolo do amor de Deus no mundo,
Carinho permanente,
Amor que nada mais pedisse à vida,
A fim de estar contente,
Que o dom de ser amor sublimado e profundo.

Vi o Sol trabalhando sem cansaço
Doando-se sem pausa, alto e bendito,
O astro imenso, porém, pedia espaço,
De maneira a brilhar nas telas do Infinito.
Julguei achar na fonte esse traço perfeito,
Fitando-lhe a corrente a servir sem parar,
Mas a fonte exigia a hospedagem do leito
A fim de prosseguir à procura do mar.
Fui à árvore amiga e anotei-lhe a lição:
Conquanto a se entregar tanto aos bons,
quanto aos frutos,
Precisa defesa e vínculos no chão
Ao fornecer, sem paga, a riqueza dos frutos.
Vi a abelha no favo a pedir mel às flores,
Nuvens para servir solicitando alturas,
Escolas em função buscando professores
E o lar para ser lar exigindo estruturas.

Toda força do bem que ao bem se entregue
Em bondade constante e em contínua grandeza,
Assegura-se, vive, auxilia e prossegue,
Algo requisitando ao Mundo e à Natureza.

Em ti, unicamente, Mãe querida,
Encontro o amor que nasce e cresce, em suma,
No sacrifício pura, acalentando a vida,
Sem reclamar da Terra cousa alguma.

Eis porque sobre todo amor que existe
As Mães são guias, anjos, cireneus,
Cujo brilho por si só nos protege e persiste
Em ser somente amor, no excelso amor de Deus.

Estrela, Deus te guarde em teu fulgor celeste! …
Agradeço-te a luz, o carinho e o perdão …
Bendita sejas, Mãe, porque me deste
A presença de Deus no coração.
Maria Dolores
(De Somente Amor, de Francisco Cândido
Xavier, pelos Espíritos Maria Dolores e Meimei)

maria e jesus

No Apostolado Feminino

No Apostolado Feminino

O apostolado das Mães é o serviço silencioso com o Céu, em que apenas a Sabedoria Divina pode ajuizar com exatidão.

Ser mãe é ser anjo na carne, heroína desconhecida, oculta à multidão, mas identificada pelas mãos de Deus.

Ele conhece o holocausto das mães sofredoras e desoladas e sustenta-lhes o ânimo através de processos maravilhosos de sua sabedora infinita, assim como alimenta a seiva recôndita das árvores benfeitoras.

Um instituto doméstico, em muitos casos, é cadinho purificador.

Aí dentro, as opiniões fervilham na contenda inútil das palavras, sem edificações úteis; velhos ódios surgem à tona das discussões e sentimentos, que deveriam permanecer esquecidos para sempre, aparecem à superfície das situações, embora muitas vezes imanifestos nos entendimentos verbais.

O que nos interessa, porém, é a nossa redenção.

O sacrifício é a nossa abençoada oportunidade de iluminação.

Sabemos, no entanto, que para o carinho maternal, o combate é intraduzível.

Na batalha sem sangue no coração.

No espinheiro ignorado.

Na dor que os olhos não visitam.

O devotamento feminino será sempre o manancial do conforto e da benção.

Quando se interrompe o curso dessa fonte divina, ainda mesmo temporariamente, a vida do lar sofre ameaças cruéis.

As experiências no sexo masculino conferem à alma um senso maior de liberdade ante os patrimônios da vida, e o homem sente maior dificuldade para apreciar as questões do sentimento como convém.

Para os que se confundem na enganosa claridade dos dias terrenos, a existência carnal é somente recurso a incentivar paixões e alegrias mentirosas, todavia, para quantos fixem o problema da eternidade, com a crença renovadora no altar do espírito, a romagem planetária é divino aprendizado para a redenção. O lar terreno é a antecâmara do Lar Divino, quando lhe aproveitamos as bênçãos do trabalho santificante, porque, na realidade, se o martelo e o buril são os elementos que aprimoram a pedra, a dor e o serviço são as forças que nos aperfeiçoam a alma.

Trabalhar e sofrer são talvez os maiores bens que nossa alma pode recolher nos pedregulhos da Terra.

Toda dor é renascimento, toda renúncia é elevação e toda morte é ressurreição na verdade.

O Tesouro Divino não se empobrece e, para Deus, os filhos mais ricos são aqueles que canalizaram os recursos do serviço a bem de todos, sem cristalizarem a fortuna amoedada nos cofres de ferro, que às vezes, cedo se convertem nos fantasmas de angústia além do sepulcro.

Aqui, entendemos, com clareza mais ampla, o caminho da eternidade.

Mais vale semear rosas entre espinhos para a colheita do futuro, que nos inebriarmos no presente, com as rosas efêmeras dos enganos terrestres, preparando a seara de espinhos na direção do porvir.

Não percamos o dia para que o tempo não nos desconheça.

A dificuldade é nossa benção.

Amemos, trabalhando nas sombras de hoje, a fim de que possamos penetrar em companhia do Amor , na divina luz do Amanhã.

Pelo Espírito Agar

XAVIER, Francisco Cândido. Cartas do Coração. Espíritos Diversos. LAKE.

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Mater

Mater

Ei-la!… – senhora e serva, entre humana e divina,
Por mais a dor, por dentro, a espanque ou despedace,
Carreia a paz no gesto e o sorriso na face,
Fala e desvenda o rumo, abençoa e ilumina.

Anjo renovador, tem no lar a oficina,
Onde o serviço exclui todo prazer mendace,
Ao seu toque de luz, a esperança renasce,
Suporta, recompõe, trabalha, sofre, ensina.

Mãe, um dia, quis Deus mostrar-se à vida humana,
Fez-te santa e mulher, escrava e soberana,
Vinculada nos Céus, de homenagens prescindes!…

Deus se revela em ti, no amor alto e perfeito,
Por isso, trazes, Mãe, nos recessos do peito,
A ternura sem par e a bondade sem lindes.

Pelo Espírito Carlos Bittencourt

XAVIER, Francisco Cândido. Poetas Redivivos. Espíritos Diversos. FEB. Capítulo 65.

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