A Mediunidade e a Paciência -Paulo Viotti

A Mediunidade e a Paciência

A mediunidade requer um trabalho constante de médiuns e orientadores
visando contenção de suas ansiedades. Como tudo na natureza, a não ser
naqueles em que ela surge ostensiva e definida, conquanto descontrolada,
no aspecto fenomênico, mediunidade nenhuma põe-se pronta em seu
alvorecer. Como impressão digital espiritual, não existe, conquanto
muitos queiram, jurisprudência mediúnica o que equivale dizer que
nenhuma mediunidade é igual, à outra, na terra. Padronização mediúnica
é impossível dada a despadronização intencional deste bendito dom.
Esperar de médium produtividade mediúnica baseada em outro instrumento
mediúnico é limitar a luz e, ao mesmo tempo abrir a possibilidade de
envaidecer o outro.

Temos muito, hoje, em nossas casas:
– Orientadores que querem médiuns cujas manifestações sejam
inatacáveis, tanto na forma, quanto no conteúdo;
– Orientadores que querem que os médiuns produzam muito mais do que
aquilo para o qual vieram talhados;
– Orientadores deixando que os médiuns assumam, atribuições que suas;
– Médiuns que querem todas as mediunidades ativas, equilibradas e, ao
mesmo tempo;
– Médiuns que querem receber os mentores da casa, antes de dar boas
vindas aos seu próprio espírito;
– Médiuns que não queiram receber críticas pelos seus trabalhos
mediúnicos, por julgarem perfeitos.

Aos orientadores que querem dos médiuns manifestações inatacáveis,
solicitamos ter paciência com os médiuns. Devem considerar que por mais
que desejem, os médiuns inicialmente terão em suas comunicações faladas,
escritas ou de qualquer outro teor, percentagem anímica considerável.
Além disso, cabe-lhes entender que, a depender da origem do médium, esta
carga anímica será ainda mais acentuada em função de caracteres
pessoais. Médiuns, comumente chamados de terreiro, oriundos da Umbanda e
Candomblé, normalmente terão comportamentos em manifestação, tidos como
inadequados ou desnecessários pelas obras principais e subsidiárias da
doutrina consoladora. Cabe aos orientadores, orientação e desprogramação
racional destes processos pessoais, afastando, de si, qualquer postura
mais autoritária com relação aos médiuns. Cabe aos orientadores
compreender, ter paciência e amor. Assim, com tempo, discernimento e
estudo, os médiuns lograrão manifestações mais harmônicas dentro dos
padrões da lógica, razão e bom-senso, considerando que mesmo assim,
devemos considerar a diversidade humana.

Aos orientadores, cabe-nos igualmente lembrar que todos os médiuns são
únicos. Assim, podemos orientar o médium, mas jamais limitar as
determinações de Jesus para cada um. Não rotular os médiuns como, por
exemplo, Médiuns que somente receberão mensagens escritas, jamais
psicofônicas ou Médiuns que somente receberão irmãos pela psicofonia,
jamais mensagens escritas.É muito comum ocorrer multiplicidade
mediúnica, ainda que de forma efêmera. É comum virem em conjunto, por
exemplo, médium psicofônico poderá, ser escrevente e, até mesmo vidente.
Cabe ao orientador verificar sempre, trabalho este que lhe demandará
paciência, qual a maior propensão para o médium, periodicamente.
Mediunidades podem aparecer e desaparecer com a mesma facilidade. Em uma
mesma mensagem um médium pode auxiliar um irmão psicofonicamente, logo
após receber uma mensagem psicográfica e, além disto, em seguida
auxiliar, com a vidência, direta ou não, o orientador na doutrinação de
um irmão. Qual deve ser a postura do orientador neste complexo
mediúnico? Acreditamos que ele deva desenvolver ou ter uma grande dose
de humildade. Esta, juntamente com a plena aplicação da lógica, razão e
bom-senso e, azeitada com boa-vontade para renunciar-se, dar-lhe-á
trilha segura para a condução da reunião. Como, de uma maneira geral,
cabe ao médium significativa parcela de responsabilidade nas
comunicações de que é portador, cabe ao orientador, dar-lhe a mão,
auxiliando-o, eivado de sentimento de sinceridade, não forçando-o a
tomar seu melhor caminho naquele momento. Consideremos assim que o
orientador tem, em uma reunião mediúnica, o papel de bandeirante, a
trilhar uma trilha a primeira vez. Nada de presunção que a reunião é
sempre igual. O bandeirante adentra as trilhas, mesmo antigas, como se
pela primeira vez estivesse adentrando. E, como tudo novo, o caminho
deve ser trilhado com persistência, fé, paz interior, discernimento e
paciência, pois o resultado somente a Deus cabe mensurar.

Em complemento ao trabalho de orientador, lembremos aqui a importância
do diálogo constante orientadores-médiuns. O médium, como meio, não tem
isenção para avaliar seu trabalho. Enquanto médium, no trabalho, estará
em seu psiquismo valores íntimos, da espiritualidade superior e valores
da espiritualidade inferior. Além disto, temos ainda a considerar um
aspecto pouquíssimo respeitado, em relação aos médiuns: o emocional.
Todo este complexo pode levar o médium a desabafos periódicos ou até
mesmo infidelidade com relação às informações a ele repassadas.
Lamentavelmente, quando isto ocorre, o médium é orientado apenas ao
estudo e, ao afastamento da tarefa. Agindo assim o orientador perde duas
oportunidades: pela humildade, a de aprender, de que se fará portador e,
a de ensinar, melhor equipando o médium em desenvolvimento. Neste caso,
com certeza, o médium pode cair novamente, na mesma falha ou em outras
mais graves, por inépcia mediúnica mas, a responsabilidade será
compartilhada. Comparando-o a um violino: como iniciante emitirá sons,
fenômenos mediúnicos, plenamente corretos, em um simples violino; como
médium devidamente orientado, com paciência, compreensão e amor emitirá
sons, plenamente correto, mas como se tivesse sendo executado em um
stradivarius (violino). Assim devemos considerar que enquanto o médium é
portador da mensagem, cabe ao orientador ser o filtro desta mensagem,
junto ao médium, no labor com o Jesus.

O médium deve entender que se tem mediunidade, por ela e por ele
responde alguém amigo, do mais alto. Não é o médium que define a
mediunidade. Serão as suas necessidades, registradas nas Leis imortais
do Pai. Compreendido que muitos detém mais de uma mediunidade cabe ao
médium antes de tentar autodirecionamento mediúnico, começar o estudo
paciente de si mesmo. Considerar sempre que nunca está só em seu labor
mediúnico. Deverá sempre fazer parte, antes de um grupo de amigos,
comprometidos uns com os outros, onde cada um suporte o outro em suas
dificuldades, através do exercício lídimo da fraternidade. Ele deve
deixar que o Cristo, defina para nós qual é a nossa melhor trilha
mediúnica. Afastar-se sempre da tentação das várias mediunidades. Nosso
Chico teve várias, mas a maioria raramente se manifestou. Se desejarmos
sermos psicofônicos, mesmo que eventualmente psicografemos, que nós
sejamos os melhores possíveis. Ao colocarmo-nos em trabalho, em mesa
mediúnica, não sejamos, para que o Cristo possa ser integralmente em
nós, pela mediunidade que melhor nos convier, visando nosso futuro. O
médium assim, deve procurar o estudo, o auto-estudo, o desenvolvimento
da despretensão e da paciência para servir ao Cristo.

Informamos aos médiuns que receber mentores não traz vantagens ao
médium mas, sim responsabilidades. O médium deve aguardar ser
considerado pelo Cristo Apto a receber mentores, não escolher-se. Aliás
o médium que entendeu sua missão não se evidencia, é visto pelo mundo
maior. Médium nestas características é aquele que transita com igual
amor nos vários níveis mentais, na casa do Pai. Como Lembrou o mestre:
se queres ser o maior no céu que seja o menor servidor na terra. Ser
médium como a responsabilidade de trabalhar amiúde com o mundo
espiritual superior requer do postulante humildade, disciplina, amor,
despretensão, abnegação, renúncia e paciência, pois todo médium que é
visto pelo mundo maior como de plena consciência, são igualmente
testados em sua, pelos irmãos da retaguarda evolutiva, o tempo todo.
Portanto, irmãos, paciência, pois se ainda não foram agraciados com esta
bênção, é devido à fraqueza de vossos ombros, ainda, para suportar os
testemunhos que ser-lhe-ão cobrados, ao abraçarem esta tarefa.
Conheça-te. Conheça as suas verdades e elas ser-lhe-ão termômetros
direcionadores de sua trilha. Todo médium, se não tem defesas íntimas,
deve desenvolvê-las. Tal afirmativa põe-se necessária tendo em vista que
muitos de nossos irmãos de caminhada, não vendo em si condições para
trabalho mediúnico e, vendo em nós estas condições, põe em ação um mal
muito a nós vinculados: a inveja. Desta maneira, por não terem condições
de mostrarem-se mediunicamente e, tendo em vista termos e, tendo em
vista que nós, em suas óticas, somos falíveis, o que é verdade,
cobram-nos, em nossas manifestações, perfectude que nem mesmo Chico
Xavier, logrou, nas dele. Não sendo possível e, vendo em nossa
manifestação, interferência natural nossa, julga-nos, critica-nos
esquecendo, é claro, de nos orientar. Ao ouvir tais críticas deveria o
médium dar-se em plenitude, perdoar e seguir em frente. Mas,
lamentavelmente o que fazemos é abandonar a caminhada, trocar
maledicências e estagnar na trilha. Lembremos que até mesmo a Chico
Xavier foi receitada a água santa. Amemos, perdoando!!! Perdoemos,
esquecendo!!! Sublimemos nossos melindres!!! Procuremos
conhecermo-nos!!! Sejamos guardiães controladores de nosso orgulho e de
nossa vaidade. Não deixemo-nos cair por eles. Se a crítica nos vier,
anotemo-la. Se justa, ajustemo-nos. Se injusta, calemo-nos, lembremo-nos
do Cristo e sigamos em frente. Esqueçamos as polêmicas, pois elas não
passam de ácidos que podem corroer as nossas mais caras programações
reencarnatórias.

A paciência é para todos mas, a posologia é diversa para cada qual de
vós. Como o livre-arbítrio, é bênção e aprendizado dado-nos pelo
criador, requestando-nos aprendizado e luta constante e consciente.
Somos capitães de nossas naus espirituais. Portanto responsáveis pelo
nosso bem estar. Assim, sendo a vida mediunidade e, a mediunidade
responsabilidade de todos nós, unano-mos para que possamos, pela
prática constante e caridosa da paciência, deixá-la vir até nós para
que sejamos não usurpadores de um trono inexistente, a mediunidade, mas
humildes e consciente usuários dos bens que vierem em seu bendito bojo.

Paulo Viotti, com a ajuda dos amigos espirituais (B)

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